segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

LADAINHA DOS PÓSTOMOS NATAIS

T.J.
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguem meu conhecido
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja verso deste livro
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o NADA a sós comigo
 
Há-de vir um  Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o NADA retome a cor do Infinito.
 
David Mourão Ferreira

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