Pintei um jardim, escondi-me lá dentro,
pintei uma casa, tapei-a com hera,
o fumo pintei sumido no vento,
pintei-me a mim mesmo a dormir sobre a erva.
Pintei as flores da cor do solfejo,
da cor do desejo pintei a mulher
da cor da mulher pintei o que vejo,
a mim mesmo, pintei-me da cor do meu ser.
Pintei o azul da cor dos meus olhos,
pintei os meus olhos cobertos de névoa
A névoa pintei da cor dos meus sonhos,
pintei-me a mim mesmo deitado na terra.
O frio pintei da cor de um menino,
a chuva a cair com um som de piano,
pintei um sorriso de branco de lírio
a mim próprio pintei-me a sonhar de castigo.
Pintei os meus dedos de cor borboleta,
pintei os meus passos de cor solidão,
minha vida pintei com as cores da paleta,
a mim próprio pintei-me estendido no chão.
Jorge Guimarães (1933-2010).
segunda-feira, 28 de junho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
DESEJO INDOMÁVEL
Como corre a gazela
pela sombra dos bosques,
enlouquecida pelo próprio perfume.
Assim corro eu , enlouquecido,
nesta noite de coração de Maio
aquecida pela brisa do Sul.
Perdi o caminho
e erro ao acaso.
Quero o que não tenho
e tenho o que não quero.
A imagem do meu próprio desejo
sai do meu coração
e, dançando diante de mim,
cintila uma e outra vez,
subitamente.
Quero agarrá-la, mas escapa-se.
E, já longe chama-me outra vez
do atalho...
Quero o que não tenho
e tenho o que não quero.
Rabindranath Tagore(O coração da Primavera)
pela sombra dos bosques,
enlouquecida pelo próprio perfume.
Assim corro eu , enlouquecido,
nesta noite de coração de Maio
aquecida pela brisa do Sul.
Perdi o caminho
e erro ao acaso.
Quero o que não tenho
e tenho o que não quero.
A imagem do meu próprio desejo
sai do meu coração
e, dançando diante de mim,
cintila uma e outra vez,
subitamente.
Quero agarrá-la, mas escapa-se.
E, já longe chama-me outra vez
do atalho...
Quero o que não tenho
e tenho o que não quero.
Rabindranath Tagore(O coração da Primavera)
sexta-feira, 25 de junho de 2010
FÁCIL E DIFÍCIL
"É fácil, trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter a torrente!
Como é por dentro, outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa:
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo"
Fernando Pessoa
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter a torrente!
Como é por dentro, outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa:
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo"
Fernando Pessoa
quinta-feira, 24 de junho de 2010
ESCOLHA
Não sei donde sou!!!
Não sou daqui, nem d'além...
Pertenço a um lado e a outro.
Vivo na luz e ao mesmo tempo na obscuridade.
Adoro o ouro, mas vasculho no pó.
Se o espirito caminha para além de tudo,
o corpo queda-se no pouco que resta.
Guardo comigo tudo o que recuso,
transformo em nada tudo o que presta!
Colado em mim, às minhas costas,
fica um resquício de noite,
que sem escolha
não consegue encarar o amanhecer.
Teresa.
Não sou daqui, nem d'além...
Pertenço a um lado e a outro.
Vivo na luz e ao mesmo tempo na obscuridade.
Adoro o ouro, mas vasculho no pó.
Se o espirito caminha para além de tudo,
o corpo queda-se no pouco que resta.
Guardo comigo tudo o que recuso,
transformo em nada tudo o que presta!
Colado em mim, às minhas costas,
fica um resquício de noite,
que sem escolha
não consegue encarar o amanhecer.
Teresa.
CONTEMPLAÇÃO NO BANCO III
Vejo-te nas ervas pisadas.
O Jornal, que aí pousa, mente.
Descubro-te ausente nas esquinas
mais povoadas, e vejo-te incorpóreo,
contudo nítido, sobre o mar oceano.
Chamar-te visão seria
malconhecer as visões
de que é cheio o mundo
e vazio.
Quase posso tocar-te, como às coisas diluculares
que se moldam em nós, e a guarda não captura,
e vingam.
Dissolvendo a cortina de palavras,
tua forma abrange a terra e se desata
à maneira do frio, da chuva, do calor e das lagrimas.
Triste é não ter um verso maior que os literários,
é não compor um verso novo, desorbitado,
para envolver tua efígie lunar, ó quiméra
que sobes do chão batido e da relva pobre.
Carlos Drummond de Andrade (Claro Enigma)
O Jornal, que aí pousa, mente.
Descubro-te ausente nas esquinas
mais povoadas, e vejo-te incorpóreo,
contudo nítido, sobre o mar oceano.
Chamar-te visão seria
malconhecer as visões
de que é cheio o mundo
e vazio.
Quase posso tocar-te, como às coisas diluculares
que se moldam em nós, e a guarda não captura,
e vingam.
Dissolvendo a cortina de palavras,
tua forma abrange a terra e se desata
à maneira do frio, da chuva, do calor e das lagrimas.
Triste é não ter um verso maior que os literários,
é não compor um verso novo, desorbitado,
para envolver tua efígie lunar, ó quiméra
que sobes do chão batido e da relva pobre.
Carlos Drummond de Andrade (Claro Enigma)
quarta-feira, 23 de junho de 2010
AMAR
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flôr, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este nosso destino: amor sem conta,
distribuido pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a agua implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade (Claro Enigma)
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flôr, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este nosso destino: amor sem conta,
distribuido pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a agua implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade (Claro Enigma)
terça-feira, 22 de junho de 2010
OLHOS
Olhos:
Brilhantes da chuva que caiu
quando Deus me mandou beber.
Olhos:
Ouro que a noite me contou nas mãos,
quando colhi urtigas
e fiz arrepender as sombras dos Provérbios
Olhos:
noite, que sobre mim resplandeceu, quando escancarei o portão
e atravessado pelo gelo invernoso das minhas fontes
saltei pelos lugares da eternidade.
Paul Celan (Papoila e memória)
Brilhantes da chuva que caiu
quando Deus me mandou beber.
Olhos:
Ouro que a noite me contou nas mãos,
quando colhi urtigas
e fiz arrepender as sombras dos Provérbios
Olhos:
noite, que sobre mim resplandeceu, quando escancarei o portão
e atravessado pelo gelo invernoso das minhas fontes
saltei pelos lugares da eternidade.
Paul Celan (Papoila e memória)
domingo, 20 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
LA COMPAGNE DU VANNIER
Je t'aimais. J'aimais ton visage de source raviné par l'orage
et le chiffre de ton domaine enserrant mon baiser. Certains se
confient à une imagination toute ronde. Aller me suffit. J'ai
rapporté du désespoir si petit, mon amour, qu'on a pu
le tresser en osier
René Char ( Fureur et Mistère)
et le chiffre de ton domaine enserrant mon baiser. Certains se
confient à une imagination toute ronde. Aller me suffit. J'ai
rapporté du désespoir si petit, mon amour, qu'on a pu
le tresser en osier
René Char ( Fureur et Mistère)
sexta-feira, 18 de junho de 2010
FELICIDADE
De repente me deu vontade de um abraço...
Uma vontade de entrelaço, de proximidade...
de amizade, sei lá...
Talvez um aconchego que enfatize a vida
e amenize as dores...
Deu vontade de poder rever saudade
de um abraço.
Só sei que me deu vontade desse abraço...
Vinicios de Moraes
Uma vontade de entrelaço, de proximidade...
de amizade, sei lá...
Talvez um aconchego que enfatize a vida
e amenize as dores...
Deu vontade de poder rever saudade
de um abraço.
Só sei que me deu vontade desse abraço...
Vinicios de Moraes
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Bruscamente recordas-te de que tens um rosto.
Os traços que formavam o seu relevo não eram todos
traços de desgosto, antigamente.
Em direcçao a essa paisagem multipla erguiam-se
seres dotados de bondade.
Nela, o cansaço não seduzia apenas naufrágios.
Nela respirava a solidão dos amantes.
Olha,
o teu espelho transformou-se em fogo.
Insensívelmente, recuperas a consciência da tua idade
(que saltara do calendário),
desse acréscimo de existência cujos esforços
constituirão uma ponte.
Recua no interior do espelho.
Se não consumires a sua austeridade,
pelo menos a sua fertilidade não se esgotou
René Char
Os traços que formavam o seu relevo não eram todos
traços de desgosto, antigamente.
Em direcçao a essa paisagem multipla erguiam-se
seres dotados de bondade.
Nela, o cansaço não seduzia apenas naufrágios.
Nela respirava a solidão dos amantes.
Olha,
o teu espelho transformou-se em fogo.
Insensívelmente, recuperas a consciência da tua idade
(que saltara do calendário),
desse acréscimo de existência cujos esforços
constituirão uma ponte.
Recua no interior do espelho.
Se não consumires a sua austeridade,
pelo menos a sua fertilidade não se esgotou
René Char
terça-feira, 15 de junho de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010
CONSOLAÇÃO
Nas ruas da cidade caminha o meu amor.Pouco
importa onde vai no tempo dividido. Já não é
meu amor, todos podem falar-lhe. Ele já
não se recorda. Quem de facto o amou?
Procura o seu igual no voto dos olhares. O espaço
que percorre é a minha felicidade. Ele desenha a
esperança e o ligeiro despede-a. Ele é
preponderante sem tomar parte em nada.
Vivo no seu abismo como um feliz destroço. Sem
que ele saiba, a minha solidão é o seu tesouro.
No grande meridiano onde inscreve o seu curso é
a minha liberdade que o escava.
Nas ruas da cidade caminha o meu amor. Pouco
importa onde vai no tempo dividido. Já não é
meu amor, todos podem falar-lhe. Ele já não se
recorda. Quem de facto o amou e de longe
ilumina para que não caia?
René Char.
importa onde vai no tempo dividido. Já não é
meu amor, todos podem falar-lhe. Ele já
não se recorda. Quem de facto o amou?
Procura o seu igual no voto dos olhares. O espaço
que percorre é a minha felicidade. Ele desenha a
esperança e o ligeiro despede-a. Ele é
preponderante sem tomar parte em nada.
Vivo no seu abismo como um feliz destroço. Sem
que ele saiba, a minha solidão é o seu tesouro.
No grande meridiano onde inscreve o seu curso é
a minha liberdade que o escava.
Nas ruas da cidade caminha o meu amor. Pouco
importa onde vai no tempo dividido. Já não é
meu amor, todos podem falar-lhe. Ele já não se
recorda. Quem de facto o amou e de longe
ilumina para que não caia?
René Char.
domingo, 13 de junho de 2010
A arte ingreme que pratico escondido no sono
[pratica-se em si mesma. A morte serve-a.
Serve-se dela. A arte da melancolia e do instinto.
Quando agarro o rosto, a rotação do mundo faz rodar
a olaria astronómica: um rosto
chamejante, multiplo, luxuoso.
Deus olha-o.
E a arte alta do sono fica pesada:
- Mel, o mel em brasa, a substância
potente, elementar ardente, obscura, doce]
de uma doçura
fortíssima,
o mel,
arrebatada. Uma arte inexplicável que,
pela doçura enche as bolsas cruas
da carne, embriaga, queima tudo, mata
mata.
Herberto Helder
[pratica-se em si mesma. A morte serve-a.
Serve-se dela. A arte da melancolia e do instinto.
Quando agarro o rosto, a rotação do mundo faz rodar
a olaria astronómica: um rosto
chamejante, multiplo, luxuoso.
Deus olha-o.
E a arte alta do sono fica pesada:
- Mel, o mel em brasa, a substância
potente, elementar ardente, obscura, doce]
de uma doçura
fortíssima,
o mel,
arrebatada. Uma arte inexplicável que,
pela doçura enche as bolsas cruas
da carne, embriaga, queima tudo, mata
mata.
Herberto Helder
sexta-feira, 11 de junho de 2010
( Para eu ler, reler, voltar a ler.......e lembrar!! )
A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser
que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar
da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si
mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade,
de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir
e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece tambem
tudo em torno. Ele é a angustia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa
às verdadeiras fontes de emoção, as que são o património de todos, e,
encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua desolada
torre.
Vinicios de Moraes
A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser
que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar
da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si
mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade,
de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir
e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece tambem
tudo em torno. Ele é a angustia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa
às verdadeiras fontes de emoção, as que são o património de todos, e,
encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua desolada
torre.
Vinicios de Moraes
quarta-feira, 9 de junho de 2010
HOJE
Hoje,
Vou deixar-te tristeza...
Não vais mais sufocar-me com o teu peso;
Não roubarás mais o sorriso do meu rosto.
Basta!
De hoje em diante,
seguirei aquela nuvem bem distante,
navegarei no céu tranquilo onde ela anda.
Decidi não mais beber desse teu cálice amargo
tristeza...
Vou aplacar a minha sede
no orvalho fresco da noite,
namorarei as estrelas.
seguirei outro rumo.
Vou poder sentir o perfume dos crisantmos e orquideas,
porque é hora de caminhar entre flores...
Hoje,
Voltarei a ter a paz das crianças,
Inocente e tranquilas.
Hoje,
Vou pedir de volta a alegria perdida
Vou lavar a minha alma confusa
em aguas limpas .
Vou encontrar o meu sentido....
Hoje a felicidade tem um nome!!
E eu hei-de saber dizê-lo.
Teresa.
Vou deixar-te tristeza...
Não vais mais sufocar-me com o teu peso;
Não roubarás mais o sorriso do meu rosto.
Basta!
De hoje em diante,
seguirei aquela nuvem bem distante,
navegarei no céu tranquilo onde ela anda.
Decidi não mais beber desse teu cálice amargo
tristeza...
Vou aplacar a minha sede
no orvalho fresco da noite,
namorarei as estrelas.
seguirei outro rumo.
Vou poder sentir o perfume dos crisantmos e orquideas,
porque é hora de caminhar entre flores...
Hoje,
Voltarei a ter a paz das crianças,
Inocente e tranquilas.
Hoje,
Vou pedir de volta a alegria perdida
Vou lavar a minha alma confusa
em aguas limpas .
Vou encontrar o meu sentido....
Hoje a felicidade tem um nome!!
E eu hei-de saber dizê-lo.
Teresa.
TAMBORES
Vivo ,
Como se estivesse escutando outra música,
Como se o meu ritmo fosse
o de tambores distantes,
cujo som se propaga numa outra dimensão.
Todos os meus movimentos são deslocados,
minhas acções imprecisas.
Busco continuamente outra realidade
para me fazer reviver de novo.
Apesar disso,
Renascerei das minhas cinzas
no fim de cada dia.
Teresa.
Como se estivesse escutando outra música,
Como se o meu ritmo fosse
o de tambores distantes,
cujo som se propaga numa outra dimensão.
Todos os meus movimentos são deslocados,
minhas acções imprecisas.
Busco continuamente outra realidade
para me fazer reviver de novo.
Apesar disso,
Renascerei das minhas cinzas
no fim de cada dia.
Teresa.
terça-feira, 8 de junho de 2010
STEHEN (Resistir)
Resistir, à sombra
da ferida aberta no ar.
Resistir -por-ninguém-e-por-nada.
Irreconhecido,
por ti,
Somente.
Com tudo o que aí tem lugar,
mesmo sem
linguagem.
Paul Celan.
da ferida aberta no ar.
Resistir -por-ninguém-e-por-nada.
Irreconhecido,
por ti,
Somente.
Com tudo o que aí tem lugar,
mesmo sem
linguagem.
Paul Celan.
sábado, 5 de junho de 2010
ABRAÇO
Dá-me um abraço
que seja forte
e me conforte a da canto.
Não digas nada
que o nada é tanto
Dá-me esse pouco.....
que eu não me importo!
Dá-me um abraço
fica por perto
É nesse abraço que eu descanso
É esse espaço que me sossega
Não quero mais
só o silêncio do teu abraço.
Teresa
que seja forte
e me conforte a da canto.
Não digas nada
que o nada é tanto
Dá-me esse pouco.....
que eu não me importo!
Dá-me um abraço
fica por perto
É nesse abraço que eu descanso
É esse espaço que me sossega
Não quero mais
só o silêncio do teu abraço.
Teresa
quinta-feira, 3 de junho de 2010
LOINTAINS
Les yeux dans les yeux, dans la fraicheur,
commençons aussi cela par exemple:
Respirons
ensemble le voile
qui nous cache l'un à l'autre,
quand le soir se dispose a mesurer
tout ce qui sépara encore chacune
de ses propres figures
de chacune de celles
qu'il nous à a tous deux prétées
Paul Celan
commençons aussi cela par exemple:
Respirons
ensemble le voile
qui nous cache l'un à l'autre,
quand le soir se dispose a mesurer
tout ce qui sépara encore chacune
de ses propres figures
de chacune de celles
qu'il nous à a tous deux prétées
Paul Celan
quarta-feira, 2 de junho de 2010
DE TANTO OLHAR O SOL
De tanto olhar o sol
queimei os olhos.
De tanto amar a vida enlouqueci.
Agora sou no mundo esta negrura
à procura
da luz e do juízo que perdi
Miguel Torga.
queimei os olhos.
De tanto amar a vida enlouqueci.
Agora sou no mundo esta negrura
à procura
da luz e do juízo que perdi
Miguel Torga.
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