terça-feira, 29 de março de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

LANGUIDEZ

Fecho as palpebras roxas quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar.



Florbela Espanca

quinta-feira, 24 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

IMORTAIS

Por mais que a vida nos agarre assim.
Nos troque planos sem sequer pedir.
Sem perguntar a que é que tem direito,
sem lhe importar o que nos faz sentir.

Eu sei que ainda somos imortais,
se nos olhamos tão fundo de frente.
Se o meu caminho fôr por onde vais
a encher de luz os meus lugares ausentes.

É que eu quero-te tanto.
Não saberia não te ter.
É que eu quero-te tanto.
É sempre mais do que eu te sei dizer.
Mil vezes mais do que eu te sei dizer.

Por mais que a vida nos agarre assim.
Nos dê em troca o que nos roubou.
Ás vezes fogo e mar, loucura e chão,
ás vezes só a cinza do que sobrou.

Eu sei que ainda somos muito mais,
se nos olhamos tão fundo de fren te.
Se a minha vida fôr por onde vais
a encher de luz os meus lugares ausentes.

É que eu quero-te tanto.
Não saberia não te ter.
É que eu quero-te tanto.
É sempre mais do que eu te sei dizer.
Mil vezes mais do que eu te sei dizer.


T.J.

sábado, 19 de março de 2011

TRADUZIR-SE


T.J.
Uma parte de mim
é todo o mundo:
Outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
Será arte?
Ferreira Gullar

quarta-feira, 16 de março de 2011

O mundo...


T.J.
O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.
Carlos D. Andrade.

O LIVRO DOS AMANTES


T.J.
VI.
Aumentámos a vida com palavras
agua a correr num fundo tão vazio.
As vidas são histórias aumentadas.
Há que ser rio.
Passámos tanta vez naquela estrada.
Talvez a curva onde se ilude o mundo.
O amor é ser-se dono e não ter nada.
Mas pede tudo.
Natália Correia in O Livro dos Amantes

terça-feira, 15 de março de 2011

OL LIVRO DOS AMANTES


T.J.
V.
Toma o meu corpo transparente
no que ultrapassa tua existência taciturna.
Dou-me arrepiando em tua face
uma aragem nocturna.
Vem contemplar nos meus olhos de vidente
a morte que procuras
nos braços que te possuem para alem de ter-te.
Toma-me nesta pureza com angulos de tragédia.
Fica naquele gosto de sangue
que tem por vezes a boca da inocência.
Natália Correia in O Livro dos Amantes

domingo, 13 de março de 2011

O LIVRO DOS AMANTES

T.J.
Dá-me a tua mão por cima das horas
Quero-te conciso.
Adão depois do paraíso
errando mais nítido à distancia
onde te exalto porque te demoras
Natália Correia ( in O Livro dos Amantes)

THE MAN...

terça-feira, 8 de março de 2011

O LIVRO DOS AMANTES


T.J.
II.
Principe secreto da aventura
em meus olhos um dia começada e finita.
Onda de amargura uma àgua tranquila.
Flor insegura enlaçada no vento que a suporta.
Passaro esquivo em meus ombros de aragem
reacendendo em cadência e em passagem
a lua que trazia e que apagou.
Natália Correia (in O Livro dos Amantes)

O LIVRO DOS AMANTES

I.
T.J
Glorifiquei-te no eterno.
Eterno dentro de mim
fora de mim perecível.
Para que desse um sentio
a uma sede indefinível.

Para que desses um nome
à exactidão do instante
do fruto que cai na terra
sempre prependicular
à humidade onde fica.

E o que acontece durante
na rapidez da descida
é a explicação da vida...

Natália Correia (in O Livro dos Amantes)

sexta-feira, 4 de março de 2011

ESTOU ALÉM

Não consigo dominar
este estado de ansiedade
A pressa de chegar
p'ra não chegar tarde.

Não sei de que é que eu fujo
será desta solidão?
mas porque é que eu recuso
quem quer dar-me a mão?

Vou continuar a procurar
a quem eu me quero dar.
Porque até aqui eu só...
Quero quem,
quem eu nunca vi.
Só quero quem,
quem não conheci.

Esta insatisfação.
Não consigo compreender,
sempre esta sensação
que estou a perder.
Tenho pressa de sair.
Quero sentir ao chegar,
vontade de partir
p'ra outro lugar.

Vou continuar a procurar
o meu mundo,
o meu lugar...
porque até aqui eu só...
Estou bem
aonde não estou.
Só quero ir
aonde não vou.


(António Variações)