terça-feira, 24 de janeiro de 2012
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
POEMA PATÉTICO
Que barulho é esse na escada?
É o amor que está acabando,
é o homem que fechou a porta
e se enforcou na cortina.
Que barulho é esse na escada?
É Guiomar que tapou os olhos
e se assoou com estrondo.
É a lua imóvel sobre os pratos
e os metais que brilham na copa.
Que barulho é esse na escada?
É a torneira pingando agua,
é o lamento imperceptível
de alguem que perdeu no jogo
enquanto a banda de musica
vai baixando, baixando o tom.
Que barulho é esse na escada?
É a virgem com um trombone,
a criança com um tambor,
o bispo com uma campaínha
e alguem abafando o rumor
que salta do meu coração.
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 14 de janeiro de 2012
sábado, 7 de janeiro de 2012
LUZ DE ONTEM
Procuro, não sei o que procuro. Procuro
no céu passado, a véspera extinta. Meu rosto
vai tão baixo, que antes nos céus ia exposto!
Procuro, não sei o que procuro. Procuro
auroras idas, que jorravam inflamadas
fontes - hoje com aguas presas derrotadas.
Procuro, não sei o que procuro. Procuro
a grande hora que em mim restou sem figura
como em um cântaro morto um fim de abertura.
Procuro, não sei o que procuro, sob estrelas [de ontem,
sob as que passaram, procuro
a luz apagada que ainda enalteço.
Lucian Blaga.
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