Pintei um jardim, escondi-me lá dentro,
pintei uma casa, tapei-a com hera,
o fumo pintei sumido no vento,
pintei-me a mim mesmo a dormir sobre a erva.
Pintei as flores da cor do solfejo,
da cor do desejo pintei a mulher
da cor da mulher pintei o que vejo,
a mim mesmo, pintei-me da cor do meu ser.
Pintei o azul da cor dos meus olhos,
pintei os meus olhos cobertos de névoa
A névoa pintei da cor dos meus sonhos,
pintei-me a mim mesmo deitado na terra.
O frio pintei da cor de um menino,
a chuva a cair com um som de piano,
pintei um sorriso de branco de lírio
a mim próprio pintei-me a sonhar de castigo.
Pintei os meus dedos de cor borboleta,
pintei os meus passos de cor solidão,
minha vida pintei com as cores da paleta,
a mim próprio pintei-me estendido no chão.
Jorge Guimarães (1933-2010).
segunda-feira, 28 de junho de 2010
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