terça-feira, 22 de junho de 2010

OLHOS

Olhos:

Brilhantes da chuva que caiu
quando Deus me mandou beber.

Olhos:

Ouro que a noite me contou nas mãos,
quando colhi urtigas
e fiz arrepender as sombras dos Provérbios

Olhos:

noite, que sobre mim resplandeceu, quando escancarei o portão
e atravessado pelo gelo invernoso das minhas fontes
saltei pelos lugares da eternidade.


Paul Celan (Papoila e memória)

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