quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Comunguei um dia de tal intimidade que cada palavra de um era recolhida pelo outro sem deturpação. Acontecia o mesmo com cada silêncio. Não se tratava daquela fusão que no inicio os amantes conhecem e que é um estado irreal e destruidor. Havia na amplitude do laço que se criara, algo de musical e estávamos simultaneamente juntos e separados como as asas diáfanas de uma libélula. Por ter conhecido esta plenitude, sei que o amor nada tem a ver com o sentimentalismo que perpassa nas canções, nem tão pouco com a sexualidade de que o mundo faz a principal mercadoria - a que permite vender todas as outras.

O amor é o milagre de sermos ouvidos, mesmo estando em silêncio, e de ouvirmos em troca com igual acuidade a vida em estado puro, tão leve como o ar que sustém as asas das libélulas e se alegra com os seus bailados.

CHRISTIAN BOBIN (n.1951)

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