domingo, 17 de outubro de 2010

AS PALAVRAS QUE TE ENVIO SÃO INTERDITAS

As palavras que te envio são interditas
até,meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

Doi-me esta àgua,este ar que se respira,
doi-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente,
nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.

Eugénio de Andrade

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