São como cristal
as palavras.
Algumas, um punhal
um incendio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memórias.
Inseguras navegam.
Barcos ou beijos,
as aguas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
crueis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
Quem as escuta? Quem
as recolhe assim
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
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