Bruscamente recordas-te de que tens um rosto.
Os traços que formavam o seu relevo não eram todos
traços de desgosto, antigamente.
Em direcçao a essa paisagem multipla erguiam-se
seres dotados de bondade.
Nela, o cansaço não seduzia apenas naufrágios.
Nela respirava a solidão dos amantes.
Olha,
o teu espelho transformou-se em fogo.
Insensívelmente, recuperas a consciência da tua idade
(que saltara do calendário),
desse acréscimo de existência cujos esforços
constituirão uma ponte.
Recua no interior do espelho.
Se não consumires a sua austeridade,
pelo menos a sua fertilidade não se esgotou
René Char
quarta-feira, 16 de junho de 2010
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