A arte ingreme que pratico escondido no sono
[pratica-se em si mesma. A morte serve-a.
Serve-se dela. A arte da melancolia e do instinto.
Quando agarro o rosto, a rotação do mundo faz rodar
a olaria astronómica: um rosto
chamejante, multiplo, luxuoso.
Deus olha-o.
E a arte alta do sono fica pesada:
- Mel, o mel em brasa, a substância
potente, elementar ardente, obscura, doce]
de uma doçura
fortíssima,
o mel,
arrebatada. Uma arte inexplicável que,
pela doçura enche as bolsas cruas
da carne, embriaga, queima tudo, mata
mata.
Herberto Helder
domingo, 13 de junho de 2010
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