Se não existisse poesia.
Se em nossas vidas não existisse o silêncio
para deixar voar a alma nua
através da órbita do pensamento,
seriamos como esqueletos de mariposas
gastando a vida num casulo cego.
Se não pudessemos derramar
o licor sedento da nostalgia,
no cálice de cristal do sentimento,
seriamos crianças sem peito
onde saciar a fome.
Se se calasse o suspiro
e o guardássemos em gavetas de ideias moribundas,
Melhor fora não termos nascido.
Se as palavras não vagueassem
pelas veredas do alfabeto, entre brumas
na estrada alucinada das ideias,
não encontraraiamos a cordenada perfeita
para chegar ao cume do sentimento
que nos deixa guardar em lembranças nostálgicas
a dor das horas passadas.
Se não fosse porque existem almas gêmeas,
que compartilham em comunhão
a tertúlia da vida,
seria impossível empeender a viagem,
imaginária,
num barco de papel até ao oceano infinito
onde se eternizam momentos.
Teresa
domingo, 14 de novembro de 2010
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