Como um sol de polpa escura
para levar à boca,
eis as mãos:
procuram-te desde o chão,
entre os veios do sono
e da memória procuram-te:
à vertigem do ar
abrem as portas:
Vai entrar o vento ou o violento
aroma de uma candeia,
e subitamente a ferida
recomeça a sangrar:
é tempo de colher: a noite
iluminou-se bago a bago: vai surgir
para beber de um trago
como um grito contra o muro
Sou eu -a terra- que te procuro.
Eugénio de Andrade.
domingo, 17 de julho de 2011
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