quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O LIVRO DO SAPATEIRO

12.

Penso no que de parte pus
no que afastei de sobras, desperdícios, peles,
cordas, colas, pregos, pragas
no dedo martelado

e sei agora
(ah, e quanto tempo passou
como a àgua da ponte
que vai a não sei onde!)
que o que de lado pus
era isso mesmo a ponte,
ponte para este concreto,
pobre mas definido,
sapato de quem o queira.

PEDRO TAMEN

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