quarta-feira, 22 de junho de 2011

TERNURA

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus
ouvidos.

Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos
eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam
melancólicamente.

E posso te dizer que o grande afeto que te
deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a
fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da
alma...

É um sossego, uma unção, um transbordamento
de carícias
e só te pede que repouses quieta, muito
quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade o olhar extatico da
aurora.


Vinicius de Moraes

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