domingo, 10 de abril de 2011

COM AS MÃOS

Com as mãos
construo
a saudade do teu corpo,
onde havia

uma porta,
um jardim suspenso,
um rio,
um cavalo espantado à desfilada.

Com as mãos
descrevo o limiar,
os aromas subtis,
os largos estuários,

as crinas ardentes
fustigando-me o rosto,
a vertigem do apelo nocturno,
o susto.

Com as mãos procuro
(ainda) colher o tempo
de cada movimento do teu corpo
em seu voo.

E por fim destruo
todos os vestígios (com as mãos);
Bruscamente.


Eduíno de Jesus (Os Silos do Silêncio)

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