A minha sombra sou eu,
ela não me segue,
eu estou na minha sombra
e não vou em mim.
Sombra de mim que recebe luz,
sombra atrelada ao que eu nasci,
distância imutável de minha sombra a mim,
toco-me e não me atinjo,
só sei do que seria
se de minha sombra chegasse a mim.
Passa-se tudo em seguir-me
e finjo que sou eu que sigo,
finjo que sou eu que vou
e que não me persigo,
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou às portas da vida,
sempre lá, sempre às portas de mim.
Almada Negreiros.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
AS MINHAS MÃOS
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
MIS LIBROS
Mis libros(que no saben que yo existo)
son tan parte de mi como este rostro
de sienes grises y de grises ojos
que vanamente busco en los cristales
y que recorro con la mana côncava.
No sin lógica amargura
pienso que las palabras esenciales
que me expresan están en esas hojas
que no saben quién soy, no en las que he escrito.
Mejor asi. Las voces de los muertos
me dirán para siempre
J.L.BORGES
son tan parte de mi como este rostro
de sienes grises y de grises ojos
que vanamente busco en los cristales
y que recorro con la mana côncava.
No sin lógica amargura
pienso que las palabras esenciales
que me expresan están en esas hojas
que no saben quién soy, no en las que he escrito.
Mejor asi. Las voces de los muertos
me dirán para siempre
J.L.BORGES
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
EL REMORDIMIENTO
He cometido el peor dos los pecados
que un hombre puede cometer. No he sido feliz.
Que los glaciares del olvido
me arrastrem y me pierdan, despiadados.
Mis padres me engendraron para el juego
arriesgado y hermoso de la vida,
para la tierra, el agua, el aire, el fuego.
Los defraudé. No fui feliz. Cumplida
no fue su joven voluntad. Mi mente
se aplicó a las simétricas porfías
del arte, que entreteje naderías.
Me legaron valor. No fui valiente.
No me abandona. Siempre está a mi lado
la sombra de haber sido un desdichado.
J.Luis Borges.
que un hombre puede cometer. No he sido feliz.
Que los glaciares del olvido
me arrastrem y me pierdan, despiadados.
Mis padres me engendraron para el juego
arriesgado y hermoso de la vida,
para la tierra, el agua, el aire, el fuego.
Los defraudé. No fui feliz. Cumplida
no fue su joven voluntad. Mi mente
se aplicó a las simétricas porfías
del arte, que entreteje naderías.
Me legaron valor. No fui valiente.
No me abandona. Siempre está a mi lado
la sombra de haber sido un desdichado.
J.Luis Borges.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
NÃO SEI QUEM SOU,QUE ALMA TENHO
Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe
(se é esse outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpétuamente me ponta
traições de alma a um caracter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me multiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma
e está em todas.
Como a panteísta se sente arvore (?) e até flor,
eu sinto-me varios seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus, sintetizados num eu postiço.
Fernando Pessoa.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe
(se é esse outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpétuamente me ponta
traições de alma a um caracter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me multiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma
e está em todas.
Como a panteísta se sente arvore (?) e até flor,
eu sinto-me varios seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus, sintetizados num eu postiço.
Fernando Pessoa.
YO
Yo la calavera, el corazón secreto,
los caminos de sangre que no veo,
los túneles del sueño, ese Proteo,
las visceras, la nuca, el esqueleto.
Soy esas cosas, increiblemente
Soy también la memoria de una espada
Y la de un solitário poniente
que se dispersa en oro,en sombra, en nada.
Soy el que ve las proas desde el puerto;
Soy los contados libros,los contados
grabados por el tiempo fatigados;
Soy el que envidia a los que ya se han muerto.
Más raro es ser el hombre que entrelaza
palabras en un quarto de una casa.
J.Luis Borges
los caminos de sangre que no veo,
los túneles del sueño, ese Proteo,
las visceras, la nuca, el esqueleto.
Soy esas cosas, increiblemente
Soy también la memoria de una espada
Y la de un solitário poniente
que se dispersa en oro,en sombra, en nada.
Soy el que ve las proas desde el puerto;
Soy los contados libros,los contados
grabados por el tiempo fatigados;
Soy el que envidia a los que ya se han muerto.
Más raro es ser el hombre que entrelaza
palabras en un quarto de una casa.
J.Luis Borges
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
EU,EU MESMO...
Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
quantos o mundo pode dar.-
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
e até as estrelas, ao que parece,
me sairam da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
A vida que pare daqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...
Alvaro de Campos.
Eu, cheio de todos os cansaços
quantos o mundo pode dar.-
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
e até as estrelas, ao que parece,
me sairam da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
A vida que pare daqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...
Alvaro de Campos.
domingo, 5 de dezembro de 2010
sábado, 4 de dezembro de 2010
MÃOS
Longas de desejo
Frescas de abandono
Consumidas de espanto
Inquietas de tocar e não prender
Sophia de Mello Breyner.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
LE MIROIR D'UN MOMENT
Il dissipe le jour,
Il montre aux hommes les images déliées de l'apparence,
Il enlève aux hommes la possibilité de se distraire.
Il est dur comme la pierre,
La pierre informe,
La pierre du mouvement et de la vue,
Et son éclat est tel que toutes les armures,
tous les masques en sont faussés.
Ce que la main a pris dédaigne même de prendre
la forme de la main,
Ce qui a été compris n'existe plus,
L'oiseau s'est confondu avec le vent,
Le ciel avec sa vérité,
L'homme avec sa réalité.
Paul Éluard (Capitale de la Douleur)
Il montre aux hommes les images déliées de l'apparence,
Il enlève aux hommes la possibilité de se distraire.
Il est dur comme la pierre,
La pierre informe,
La pierre du mouvement et de la vue,
Et son éclat est tel que toutes les armures,
tous les masques en sont faussés.
Ce que la main a pris dédaigne même de prendre
la forme de la main,
Ce qui a été compris n'existe plus,
L'oiseau s'est confondu avec le vent,
Le ciel avec sa vérité,
L'homme avec sa réalité.
Paul Éluard (Capitale de la Douleur)
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